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Mudança de narrativas: deixando estereótipos para trás ao falar sobre gênero e clima

ELABORAÇÃO: Jamille Nunes
PUBLICADO EM: 28 de setembro de 2021

GenderCC apresenta um guia de boas práticas para narrativas sem estereótipos ao comunicar sobre gênero e clima.

Mudança de narrativas

A rede mundial de organizações GenderCC, que agrega especialistas e ativistas em torno da justiça climática e dos direitos das mulheres, lançou um guia de princípios e boas práticas para comunicar a convergência de ambos os assuntos.

Esse material tem como objetivo ajudar a combater publicamente estereótipos: ao interligar gênero e clima, é comum que se fale apenas pela lente da vulnerabilidade. Ou, ainda, apresentar soluções sem envolver mulheres nas discussões ou na tomada de decisões.

Para avançar na pauta climática, é preciso, antes de tudo, reconhecimento de jornalistas, ativistas, atores políticos e da sociedade civil que gênero está intimamente ligado ao clima. Fazer essa conexão com responsabilidade significa identificar e deixar para trás certas narrativas prejudiciais. Se esses lugares-comuns não são abandonados, a compreensão e a busca por soluções fica comprometida.

Alguns estereótipos midiáticos ao falar de gênero e clima, apontados pelo GenderCC

  • Tratar mulheres como um grupo homogêneo, silenciando mulheres de grupos marginalizados (ou seja, sujeitas a outras opressões, como de raça e classe);
  • Enxergar a equidade de gênero e a justiça climática como assuntos separados;
  • Aderir à noção de que a equidade de gênero é um problema apenas das mulheres, e falar sobre gênero em termos binários (feminino e masculino, apenas, sem considerar pessoas que não se encaixam nessas expressões);
  • Desconsiderar o papel e a discussão sobre masculinidades ao falar da crise climática, seja em atitudes ou em configurações institucionais;

Maneiras efetivas de abordar gênero e clima, segundo o GenderCC

  • Reconhecer que existem nuances nos tópicos, apresentando contextos em gênero e clima, evitando generalizações. Uma homem ribeirinho da Amazônia sente a mudança climática diferente de uma mulher marisqueira do Nordeste, por exemplo;
  • Destacar vozes diversas de grupos e comunidades impactadas pela crise climática. Incluir uma pluralidade de experiências ajuda a combater as narrativas únicas, e um discurso engajador pelas mudanças climáticas passa por compreensão e contextos locais;
  • Usar um conceito amplo em gênero. Isso ajuda a envolver na discussão populações que normalmente vivem em lugares periféricos, têm o acesso a assistência negados e estão em maior risco, como pessoas LGBTQIA+.
  • Focar em problemas estruturais. Confundir causa e efeito é uma abordagem simplista e errônea que pode acontecer se os problemas estruturais não forem identificados. Desigualdades de gênero não são criadas pela crise climática, mas são exacerbadas por ela.

Esse guia ajudou? Compartilhe com a sua rede, com comunicadores e pessoas preocupadas com gênero e clima.

 Acesse o arquivo oficial aqui.

“Este conteúdo não representa, necessariamente, a opinião do Observatório do Clima ou de qualquer um de seus membros.”

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